sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um adeus ao Amor

Havia dias que estava cansada de passar o dia a chorar e a lamentar a tua ausência. A verdade é que não sei lidar com esta nova pessoa que és agora.. Por mais amor que tenha sentido e por mais beijos apaixonados que trocamos ou mesmo que conheça cada centímetro da tua pele eu não sei quem tu és, não sei onde está a pessoa pela qual me apaixonei. As lágrimas neste momento já não escorrem pela minha cara e as minhas mãos já não tremem, mas acontece ter este sentimento de vazio pois vivi tanto com alguém que parece que já nem partilha as mesmas memórias que eu. Tantos dias que me olhava ao espelho com os olhos inchados do choro e questionava o porquê de te amar tanto, reclamava da merda que era amar-te com tanta intensidade. Não, ninguém voltou a entrar no meu quarto nem ninguém ocupou aquele teu eterno lugar na minha cama. Parece tudo tão racional mas se me perguntarem se preferia nunca te ter conhecido e não ter sofrido tanto, eu respondo que voltaria a sofrer por ti. Digo que pertences ao passado mas eu sou estúpida o suficiente para sentir todas as dores da tua partida de novo do que me entregar a outro alguém. Quando digo que já te esqueci é mais uma daquelas mentiras que prego a mim mesma que nenhuma parte do meu corpo acredita. 
Custa a aceitar que o nosso amor morreu assim.. Sempre me disseram que um grande amor só se tem uma vida e eu acredito que foste tu e esta vontade que está mesmo lá no fundo de te querer de volta apareceu após meses a tentar esquecer-te. Preencho este vazio com amores pequenos e isso é revoltante, porque esbarro com alguns sorrisos mas nenhum é o teu. Não quero viver um amor pequeno depois de ter provado um tão grande como o nosso e ainda não me sinto preparada se alguém vier mostrar que afinal o nosso amor era pequenino como tantos outros porque eu sei que te amo tanto. Eu sei e tu sabes. Só nós os dois sabemos. Só nós os dois sentimos. Só nós os dois vivemos. Só tu e eu. E eu tenho saudades desse nós que desapareceu. Tudo o que vivemos, tudo o que passamos, tudo o que sentimos acabou por tua causa.. Como é possível teres esquecido tudo assim tão depressa? E eu ainda aqui a pensar em ti, a pensar em nós.. Parece que sou um tanto faz para quem tanto fiz. 
Hoje vejo-te por aí e penso que antes tu vinhas ter comigo e agora penso "onde é que ele vai?" Antes diziam que passavas demasiado tempo ao telemóvel a falar comigo, acredito que hoje ainda te devem dizer o mesmo mas já não é comigo que falas. Antes quando te via triste já sabia a razão, hoje se te vir triste penso "porque está ele triste?". Queria tanto saber se ainda te importas porque eu tenho que seguir em frente e esquecer tudo o que passamos, esquecer tudo o que sentimentos e que vivemos... Acredita que quando eu fizer isso já não há volta a dar porque quando esquecer, esqueço de vez. Se seguir em frente, sigo em frente de vez. Tu eras a certeza para todas as minhas dúvidas, agora é as maior dúvida para todas as minhas certezas. Espero sinceramente que te arrependas por aquilo que me fizeste passar e não te admires de um dia alguém no silêncio te agradecer por me teres deixado ir. Podíamos ter sido tão felizes. Sei que se ficássemos os dois com amnésia e se nos voltássemos a ver sei que nos apaixonaríamos de novo tal como na primeira vez. 
Quando te conheci tu eras um idiota, mas eras o idiota que eu amava e apesar de todas as tuas idiotices queria ter-te sempre por perto. 
Tu lembras-me de todas as coisas gentis na vida como um chá quando está frio e grandes camisolas no inverno. Tu lembras-me de todas as coisas seguras no mundo como uma mão para agarrar e um ombro que me segura.
Vejo-te em sombras e sem sombra de dúvidas ainda existes em mim. Vejo-te em pedaços que habitam em outras pessoas que nunca sabem a ti. Vejo-te em ruas onde andávamos de mãos dadas sem medo de um futuro, mal nós sabíamos o quanto ele seria duro. Para mim. Tantas lavagens, tantas máquinas feitas e tu não sais de mim nem dos lençóis que me tapam durante a noite, aqueles que acolhiam o calor humano da nossa junção. Tantos dias, tantas lágrimas... Tu não sais de mim nem da minha memória, aquela me fazia lembrar onde era o nosso encontro quase todas as noites.
Adormeço para te esquecer e lembro-me de ti, das nossas mãos, das minhas mãos nas tuas costas e das tuas no meu cabelo. Tu fazes com que acorde no vazio que é a minha cama sem ti. Adormeço para te esquecer e acontece tudo menos isso. 
Tu pediste-me para ser feliz e é isso que eu tenho que fazer. Estás a ocupar demasiados espaços dentro de mim, talvez seja hora de esvaziar um pouco para deixar pessoas novas entrarem. Não quero viver uma vida baseada em esperanças melancólicas de um amanhã que não chega. Eu vivo o hoje. Tenho a certeza que te vais continuar a lembrar de mim mesmo que não queiras. 
Gostava que tudo tivesse sido diferente, mas desde o dia em que me traíste, mudaste tudo aquilo que acreditava saber acerca do amor. Não me tens agora porque não foste homem para isso, estragas-te tudo. Não tiveste coragem para ser feliz.