sexta-feira, 27 de março de 2015

O meu pai


Os meus pais são divorciados desde os meus dez anos. Quando eu tinha dezassete anos o meu pai foi para o Brasil viver com a atual mulher dele mais a minha irmã (por parte do pai apenas, fruto do relacionamento depois do divórcio) e eu nunca mais o vi (tenho vinte anos neste momento). Entre chamadas, mensagens, presentes, lágrimas, saudades e mimimi sempre pensei que ele viesse a Portugal visitar a família mais cedo e não passado três anos, mas o que interessa é que veio e já passeamos tanto!
Aproveitei para estar com a minha irmã que a amo muito, já a levei ao shopping (enchi a rapariga com presentes), já jantamos, já a levei ao McDonald's, já a levei ao estádio do Dragão com o Totó, já a enchi de beijinhos e abraços, o meu pai e a minha irmã já rasgaram a minha capa do traje e o meu pai já conheceu o Totó.
Admito que este reencontro inicialmente foi "estranho". "Estranho" no sentido em que eu não sabia se o meu pai estava mais gordo, magro, com muitas rugas, com cabelos brancos e vice-versa, também não sabia se ele iria reconhecer-me logo à primeira vista. Ao passar três anos a falar pelo telemóvel, esqueci-me como era bom ouvir o riso dele ao natural e como ter a mão grande dele sobre a minha pequenina era tão bom, assim como o seu abraço enquanto me chama menina do papá.
Já vai embora no sábado e tenho a perfeita consciência que vai doer mais do que quando ele foi para o Brasil pela primeira vez... Ontem as lágrimas apareceram quando me lembrei que esta semana está a passar a correr e que ainda não tive tempo para fazer tudo o que queria fazer com ele, mas pronto. Vamos aproveitar enquanto ele está cá e deixar a choraminguice para sábado. 

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